O Rouxinol (Luscinia megarhynchos), também
conhecido como Rouxinol-Comum,
é um pequeno pássaro anteriormente classificado como um
membro da família Turdidae mas
pertencente à família dos Muscicapideos que são restritos ao Velho Mundo.
O rouxinol
foi catalogado como "Pouco
Preocupante" pela União Internacional para a
Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN).
EXTENSÃO E HABITAT
É uma espécie insectívora e migratória, procriando em florestas
e moitas na Europa e
no sudoeste da Asia. A sua distribuição estende-se mais a sul
do que o seu parente próximo Luscinia
luscinia. Nidifica no chão, dentro ou perto de densos arbustos. Inverna no
sul de África. Pelo menos na Renânia (Alemanha), o habitat de reprodução dos
rouxinóis está de acordo com certo número de parâmetros geográficos.
·
menos de 400 m
(1300 ft )
acima do nível do mar
·
temperatura durante a época de crescimento acima de 14°C (57°F )
·
mais de 20 dias/ano em que a temperatura excede 25°C (77°F )
·
precipitação anual menor que 750mm
·
índice
de aridez inferior a
0.35
·
longe de dosseis florestais
APARÊNCIA E CANTO
O rouxinol é um pouco menor que o Pisco-de-peito-ruivo,
com 15–16,5cm (5,9–6,5 in) de comprimento. É castanho claro em cima, excepto a
cauda ligeiramente avermelhada e branco sujo em baixo. Os sexos são
similares.
O rouxinol
canta geralmente de noite, mas também ás vezes durante o dia. Escritores
antigos afirmavam que era a fêmea que cantava, quando é de facto o macho a
fazê-lo. O canto é muito alto, com uma impressionante variedade de assobios,
trinados e gorgolejos e é particularmente audível à noite, porque sendo uma ave
tímida, poucas aves estão cantando. É por essa razão que o seu nome inclui a
palavra "noite" em muitos idiomas. Também por ser tímida, esta
espécie esconde-se geralmente no meio de vegetação densa e raramente se deixa
ver.
Apenas os
machos sem par cantam regularmente de noite, e o canto noturno serve para
atrair uma parceira. O canto de madrugada, um pouco antes do nascer do sol, é
assumido como sendo importante na defesa do território da ave. Os rouxinóis
cantam ainda mais alto em zonas urbanas, para superarem o ruído de fundo. O
traço mais característicos do canto é o seu alto e continuo crescendo ao
contrário do seu parente próximo Luscinia
luscinia, que tem um canto parecido com o som de alarme de um sapo.
SIMBOLISMO
O rouxinol é um símbolo importante para poetas
de várias idades, acabando por assumir uma série de conotações simbólicas. Homero evoca
o rouxinol na Odisseia, sugerindo o mito de Filomela e Progne (onde uma das duas, dependendo da
versão do mito, se transforma num rouxinol). Este
mito é também foco na tragédia de Sófocles, Tereus, onde apenas alguns
fragmentos se mantêm. Ovídio, também, na sua Metamorfoses,
inclui a versão mais popular deste mito, imitado e alterado por outros poetas,
incluindo Chrétien
de Troyes, Geoffrey Chaucer, John Gower, e George Gascoigne.
"The Waste Land" de T.S. Eliot, também
evoca o canto do rouxinol (e o mito de Filomela e Progne). Por causa da violência associada ao
mito, o canto do rouxinol foi durante longo tempo associado a um lamento.
O rouxinol
também tem sido usado como um símbolo dos poetas ou da sua poesia.
Os
poetas escolheram o rouxinol como um símbolo por causa da sua música criativa e
aparentemente espontânea.
Aves de Aristófanes e também Calímaco, ambos evocam
o canto da ave como uma forma de poesia. Virgílio compara o luto
de Orfeu com
o "lamento do rouxinol".
No soneto
"Sonnet 102", Shakespeare compara a sua poesia de amor ao canto
do rouxinol (Filomela):
"Nosso amor era novo, e, em seguida,
na Primavera,
Quando eu estava acostumado a saudá-la
com a minha disposição;
Como Filomela canta no acaso do Verão,
E pára de assobiar no crescimento de dias
mais maduros:"
Durante
a era do Romantismo o simbolismo da ave voltou de novo a
mudar: os poetas viam a ave não apenas como um poeta no seu pleno direito, mas
também como "mestre na arte superior que conseguia inspirar qualquer poeta
humano".
Para
alguns poetas românticos, o rouxinol
começou a ter mesmo as qualidades de uma musa. Coleridge e Wordsworth viam o rouxinol como um exemplo
singular de criação poética: o rouxinol tornava-se a voz da natureza. No seu
poema "Ode ao Rouxinol", John Keats imagina o rouxinol como o poeta ideal
que alcançou a poesia que Keats ansiava por escrever. Invocando uma concepção
semelhante do rouxinol, Percy
Bysshe Shelley escreveu
no seu "Uma Defesa da Poesia":
"Um poeta é um rouxinol que se senta
na escuridão e canta com doces sons para alegrar a sua própria solidão; os seus
ouvintes são como homens encantados com a melodia de um músico invisível, que
sentem que estão a ser movidos e suavizados, mas não sabem de onde ou porquê"